miércoles, 6 de abril de 2011

NOEL ROSA, POETA DA VILA





Hay gente a la que le encanta la música de Brasil pero no han oído hablar de Cartola o de Nelson Cavaquinho. Suele ocurrir que de un país muy grande, por extensión o por riqueza cultural, la mayoría de la gente, incluyendo a sus propios habitantes, solo llega a conocer la producción artística que más se adapta a los requisitos del mercado. Pero afortunadamente siempre hubo, hay, y espero que siga habiendo creadores que viven al margen de lo que más les convendría. No voy a exponer una biografía de Noel Rosa, ya hay suficientes. Sólo quiero llamar la atención sobre un poeta, músico y filósofo de a pie, que antes de morir a los veintitantos años de edad, nos dejó alrededor de cuatrocientas canciones, en las que habla de cosas profundas o triviales, pero siempre con la fina ironía de un maestro.


Feitio de Oração
Esta letra define el sentimiento del Samba, celebración de la vida con un componente de tristeza, que da un sentido poético al acto de tocar, cantar y bailar. También celebra la universalidad de la canción frente a cualquier intento de apropiación.







Quem acha vive se perdendo
Por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel desta saudade
Que, por infelicidade,
Meu pobre peito invade
Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia
Por isso agora lá na Penha
Vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feito de oração
O samba na realidade não vem do morro
Nem lá da cidade
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce do coração



ÚLTIMO DESEJO


http://open.spotify.com/track/3kT6cUq7b30ZHm2RIdRLYX


Nosso amor que eu não esqueço, 
e que teve o seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete, 

sem retrato e sem bilhete,
sem luar, sem violão


Perto de você me calo, 

tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo

mas meu último desejo
você não pode negar

Se alguma pessoa amiga 

pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não, 

diga que você me adora
Que você lamenta e chora

a nossa separação

Às pessoas que eu detesto, 

diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim, 

que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida

que você pagou pra mim




GAGO APAIXONADO


http://open.spotify.com/track/78DMi18jx7AzYBEovcOAOW


Mu...mu...mulher em mim fi...fizeste um estrago
Eu de nervoso esto..tou fi...ficando gago
Não po...posso com a cru...crueldade da saudade
Que...mal...maldade, vi...vivo sem afago
Tem...tem pe...pena deste mo...mo...moribundo
Que...que já virou va...va...ga...gabundo
Só...só...só...só... por ter so...so...fri...frido
Tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu...
Tu tens um co...coração fingido!
Teu...teu co...coração me entregaste
De...de...pois...pois de mim tu to...toma...maste
Tu...tua falsi...si...sidade é profu...funda
Tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu
Tu vais fi...ficar corcunda!



FEITIÇO DA VILA
http://open.spotify.com/track/7sPqnYkV75vVLUbjLVnvXQ


Quem nasce lá na Vila 
Nem sequer vacila

Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos,
Do arvoredo e faz a lua,
Nascer mais cedo.
Quem nasce lá na Vila
Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos,
Do arvoredo e faz a lua,
Nascer mais cedo.
Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba.
A vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém
Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Num feitiço descente
Que prende a gente
O sol da Vila é triste
Samba não assiste
Porque a gente implora:
"Sol, pelo amor de Deus,
não vem agora
que as morenas
vão logo embora
Eu sei tudo o que faço
sei por onde passo
paixao nao me aniquila
Mas, tenho que dizer,
modéstia à parte,
meus senhores,
Eu sou da Vila!



O ORVALHO VEM CAINDO


O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
Meu cortinado é um vasto céu de anil
E o meu despertador é o guarda civil
(Que o dinheiro ainda não viu!)
O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
A minha terra dá banana e aipim
Meu trabalho é achar quem descasque por mim
(Vivo triste mesmo assim!)
O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
A minha sopa não tem osso e nem tem sal
Se um dia passo bem, dois e três passo mal
(Isso é muito natural!)


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